sexta-feira, 9 de março de 2007

NO INFINITO DE AGORA

Eis que meus passos são leves,
Não deixam marcas no chão.
Alguns me vêem quando vão,
Outros me olham da estrada.
Eu sigo olhando o caminho.

Sei que meu ontem não houve,
Meu amanhã já não veio.
Teu corpo nu (mão no seio...)
É meu agora e já foi...
Sou o momento do beijo.

Sou como o vento que passa
E traz consigo das flores
As saudades dos amores
No perfume que acalenta...
Beijo-te a face e te esqueço.

Também sou como a palavra
- leve - comungo com o vento.
Vivo no teu pensamento
Embora ausente na voz...
Pois minha morte é meu parto.

Então, serei para ti
Doce leveza de outrora.
Não mais o beijo de agora.
Em teu ser terei morada!
Sei que não mais morrerei.

E tu serás para mim
A essência de meu dia
Feita de ausência e alegria
E comporás o meu ser.
No caminho irei sorrir...

E se lembranças do ninho
Vierem me atormentar,
Vou o infinito agarrar,
Deixar meu corpo na estrada...
Rumo ao nada... em pleno vôo.

HENRIQUE, Jorge. Mutante in Sanidade. Cadernos Cultart de Cultura. Aracaju: UFS-PROEX-CULTART. Novembro, 2001. p. 31

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