Sou o humilde motivo
De tuas piadas e vivo
Morrendo em cada esquina,
Enquanto das coberturas,
Contemplas minha amargura
E zombas de minha sina.
Sou o que passa fome
Ao teu lado enquanto comes
O teu rico caviar.
Sou o que te faz sorrir,
Que te permite oprimir,
Que te coloca onde estás.
Se degustares cicuta
E te sujares na lama,
Se te deitares na cama
E te sentires a puta,
Vivenciarás minha luta
E sentirás o meu drama!
Se já lambeste feridas
E te alimentaste de ratos,
E toda injúria e maus tratos
Já te fizeram na vida,
Senta comigo, que a vida
Já te serviu de meu prato.
Se te viraram a cara
E te negaram comida,
Se não te deram guarida
E te cuspiram na cara,
Então te aquieta, repara
Que entenderás minha vida.
Eu sou aquele operário
Que vive do seu salário
E da fome que ele traz.
Aquele que não suporta
E – cabisbaixo – se comporta
Em benefício da paz.
Eu sou aquele indigente
A quem abraças contente
Em período de eleição.
Apenas mais um fantoche
Vítima do teu deboche,
Sustentáculo da nação.
HENRIQUE, Jorge. Mutante in Sanidade. Cadernos Cultart de Cultura. Aracaju: UFS-PROEX-CULTART. Novembro, 2001. p. 78.
Olá, Henrique!
ResponderExcluirPassando para agradecer seu gentil comentário à cerca de minha poesia e claro, também conhecer seu espaço poético que aliás, gostei demais. :)
Voltarei outras vezes para conhecer melhor sua arte.
Parabéns pela poesia e obrigada pela visita! Um abraço.