Véio – De Nossa Senhora da Glória para a Fundação Cartier, em Paris
Exposição fica em cartaz até 21 de outubro na capital francesa
Por Sílvio Oliveira
Quem visitar Paris até o período de 21 de outubro deste ano poderá
conferir a exposição coletiva do artista sergipano gloriense Cícero
Alves dos Santos – o Véio (65). A exposição Histoires de Voir - Show and Tell
está em cartaz na Fundação Cartier e traz, além dele, mais 40 artistas
da chamada arte de raiz de diversos países, a exemplo da Índia, Congo,
Haiti, México e Japão. A entrada custa 9€ e é aberta ao público das 11h
às 19h (horário de Paris), exceto às segundas-feiras.
As obras em cartaz na capital francesa são do próprio acervo da Fundação Cartier e do Instituto do Imaginário do Povo Brasileiro. Em visita ao Brasil no início de 2012, o diretor da Fundação, Hervè Chandes, conheceu a exposição “Teimosia da Imaginação”, em São Paulo (SP), que expunha obras de dez artistas brasileiros considerados de arte popular, entre eles Véio.
Hervè Chandes selecionou peças presentes na exposição, tornando o Brasil grande destaque do evento francês."Cerca de 70% das obras são de brasileiros", diz Germana Monte-Mór, curadora da Mostra.
De acordo com a curadora, a exposição vai além das categorias
desconcertantes da história da arte, e as obras expostas transmitem uma
sensação de franqueza, liberdade e frescor de invenção, enquanto ao
mesmo tempo levantam a questão de como se pode definir a arte
contemporânea hoje, revelando artistas tidos como de periferia e os
colocando no centro do palco.
Em Paris, o sergipano se junta às criações de Antônio de Dedé, Alcides Pereira dos Santos, Aurelino, Izabel Mendes da Cunha, Zé Bezerra, José Antônio da Silva, Neves Torres, Nilson Pimenta e Nino, assim como desenhos indígenas da região do Amazonas.
Véio para o mundo
A penúltima exposição de Véio no Brasil aconteceu na Galeria Estação,
em São Paulo, em 2010, e foi organizada pelo Instituto do Imaginário do
Povo Brasileiro, retratando e valorizando as tradições do semiárido do
país. No início de 2012, o artista participou da exposição “Teimosia da
Imaginação”, organizada pelo Instituto Tomie Ohtake, com curadoria de
Germana Monte-Mór, também em São Paulo.
Mais uma vez a exposição ganha forma, desta vez no Rio de Janeiro, e
foi aberta na última quinta-feira (14), no Paço Imperial com a presença
do artista sergipano. Teimosia da Imaginação deverá percorrer outros
estados brasileiros.
Além das exposições, o visitante também assiste aos documentários sobre
a criação das peças e sobre os artistas e tem a oportunidade de também
observar toda a arte em livro, ou seja, reúne exposição, documentário e livro.
Véio trabalha com troncos “fechados” e “abertos”, que são inteiramente
talhados para ganharem representação. Entre as mais famosas, estão
mobiliários, esculturas e estátuas que retratam as histórias do povo
sertanejo, com seus misticismos, lendas e lutas relacionadas à natureza.
Assim como muitos de seus conterrâneos, o escultor recebeu seu nome em
homenagem a Padre Cícero. Já o apelido surgiu porque ele gostava muito
de escutar as conversas das pessoas mais velhas. Autodidata, Véio
admirava a cultura popular desde criança, quando começou a executar suas
primeiras peças em cera de abelha. A relação intensa com seu meio fez o
artista criar, ao lado de seu ateliê, localizado em Nossa Senhora da
Glória, um “Museu do Sertão”.
Muitos dos objetos recolhidos no museu testemunham o embate do homem do
campo com a natureza. São chapéus de couro, utensílios domésticos,
máquinas rústicas, roupas e acessórios que fazem parte da vida do
sertanejo.Véio tem um acervo de mais de 17 mil peças de diferentes
materiais. A maior delas chega a 10 metros de altura.
FONTE: Notícias F5 News - Sergipe
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