terça-feira, 27 de setembro de 2011

Algumas palavras sobre "Retalhos"

Ontem, 26 de setembro, data em que se comemora a emancipação política do município de Nossa Senhora da Glória - SE, aconteceu o encerramento da 1ª Exposição "Artes para Glória", que integrou as comemorações do 83º aniversário da cidade. A Praça Filemon Bezerra Lemos tornou-se palco de várias expressões artísticas e culturais locais. Houve dança, música, capoeira, artes visuais e, para fechar com chave de ouro o dia festivo, houve o lançamento da antologia poética "Retalhos", dos poetas Ancelmo Aragão, Bárbara Juca, Euvaldo Lima, Geovania Manos, Israel Bispo e Ramon Diego

Tive o prazer de fazer a apresentação da obra ao público gloriense e de proferir algumas palavras na Câmara de Vereadores, onde se deu a solenidade de entrega dos prêmios da 1ª Exposição "Artes para Glória" e o lançamento oficial da referida antologia poética.Transcrevo abaixo as palavras que ali proferi.



Algumas palavras sobre esses Retalhos 
É com satisfação que volto a esta casa para, pela segunda vez, celebrar a publicação de mais uma obra em versos, nascida da pena e do talento do artista gloriense. Hoje, para minha alegria, são seis os artistas que se apresentam a público e trazem nas mãos suas almas sob a forma de poemas. Exatamente no dia 26 de setembro de 2010, proferi aqui algumas palavras em homenagem ao amigo Euvaldo, por ocasião do lançamento de seu livro “Um Sopro de Versos”. Naquela ocasião, iniciei minha fala tomando de empréstimo as palavras do grande poeta português Fernando Pessoa, que, em um de seus poemas, assinado por seu heterônimo Ricardo Reis, do alto de uma profunda sabedoria, dizia: “Para ser grande, sê inteiro: nada teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes”.
É interessante observar como essas palavras significam neste momento, pela segunda vez. Não há palavras mais propícias para descreverem a postura desses novos poetas glorienses diante de suas vidas e de sua obra. É com muita felicidade que me ponho a falar aqui mais uma vez sobre a realização desses idealistas que, exatamente no aniversário da cidade, oferecem tamanho presente à sociedade gloriense: sua poesia! E que presente é esse? 
Escrever poemas é uma arte criteriosa e laboriosa que, embora para alguns pareça obsoleta e de pouco valor, representa um esforço pela humanização de nossa espécie. Não basta nascer homem ou mulher para ser humano, é preciso humanizar-se. E humanizar-se não é algo que se aprenda no comércio, na política, no exercício do poder ou na vida cotidiana, isolado em afazeres, mas algo que só se alcança quando nos dirigimos ao outro, quando nos aproximamos do outro, quando buscamos compreendê-lo. A natureza humana é um enigma que só se revela a quem a busca no mais íntimo do ser. Eis o valor do presente que é oferecido neste momento à nossa sociedade. O mais íntimo do ser humano, aquilo capaz de humaniza-lo, revela-se na poesia. E é isso que vemos em Ancelmo, Bárbara, Euvaldo, Geovania, Israel e Ramon
Eles vão buscar sua poesia no âmago de suas existências, nos íntimo de seus anseios mais profundos, que traduzem sua necessidade premente de verbalizar, de tomar a forma da linguagem. Nesses Retalhos que lançam à publicação, esses autores, como diz Pessoa, são plenos, estão por inteiro, sem nada de si exagerar ou excluir. Estão inteiramente em cada poema e assim se oferecem ao público, dando-lhe a possibilidade de humanizar-se, de encontrar o humano que há no outro. Esse público, quando ler tais poemas, poderá encontrar neles seu próprio sorriso, sua própria aflição, seu próprio protesto, sua própria crítica, seu próprio humor, sua própria dor, sua própria fé. Ao se encontrar nas palavras do outro, esse público pode humanizar-se, e que magnífico presente é esse! 
A poesia nos dá a oportunidade de nos conhecer melhor pela experiência do outro. Ela nos permite viver experiências que ainda não vivemos, ou mesmo reencontrar aquilo que estava apagado em nossa lembrança de vida. E é isso o que está nesses Retalhos
Na apresentação que faço do livro, afirmo que Retalhos, em princípio, são partes, pedaços, fragmentos que se retiram ou se recortam de algo, sobretudo de tecidos. E tecido remete a textos, que remete a poemas. São esses os Retalhos de cada um desses poetas, costurados aos demais, formando uma colcha de poemas que mescla seus estilos e seus temas de cores variadas. No entanto nesta obra, nada se retira, pelo contrário, somam-se partes, juntam-se fragmentos para formarem um todo maior que os egos individuais. 
Eis o significativo presente que lhes é ofertado. Que seja essa obra recebida com festa e júbilo pelos glorienses e que possa representar mais um símbolo de que a grande riqueza de nosso povo é sua cultura.
Jorge Henrique Vieira Santos,
26 de setembro de 2011.

4 comentários:

  1. Rapaz, depois que vc proferiu esse belo texto, deixei pra lá o que tinha feito e improvisei. kkkkk. Sucesso e obrigado pelas palavras de sucesso, caro amigo e eterno professor...

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  2. Não poderíamos ser apresentados por melhor referência poética. Obrigado pelo apoio. A felicidade em ver essa obra publicada não seria a mesma sem as palavra do nobre poeta gloriense.
    Abraços
    Israel

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  3. Rapaz, você nunca me disse que tinha um blog. Coloquei um link lá no meu, Um brande abraço.

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